domingo, 30 de maio de 2010

Anos Perdidos: Laeral Lordaeron - 2ª Parte

Havia um corpo na praia. Ele estava caminhando quando notou, ainda de longe, alguém caído – quase cuspido pelo mar. Aramil se aproximou. Notou que era uma mulher. Seria uma humana? Ela vestia armadura e portava armas. Seria hostil?

Aramil virou a mulher de frente. Não era elfa. Não completamente. Era uma raevandeer – uma meio-elfa. Pela tradição, ele deveria deixá-la a sua própria sorte naquela praia, ou matá-la, caso ela quisesse se aventurar dentro do reino de Sarifal.

Ela vestia um símbolo de Corellon.

Underdark - Parte IV

Parados ali na sala de Elminster, os aventureiros não sabiam o que pensar exatamente. Em breve conheceriam aquele que fora o maior dos magos de Faerûn, e talvez ainda fosse capaz de reviver um pouco do espírito da magia. Alguns, os mais próximos aos estudos da religião, como Laeral e Hagatar, sabiam inclusive que Elminster era visto como o único capaz de reviver o espírito da divindade da magia. Mas somente se ele decidisse tomar sobre si este manto, o que ainda não acontecera. E a medida que os anos se completavam, seu nome cada vez mais ia caindo no esquecimento das novas gerações. Logo, quando os mais novos perguntassem, “Quem é Elminster?”, talvez já fosse tarde demais.

O interior daquela torre parecia uma casa normal. Simples, até. Bem simples. Uma mesa no centro da sala. Alguns móveis de madeira escurecida bem antigos, mas limpos e conservados. Um jarro de flores no canto do cômodo, e cadeiras para os convidados se sentarem. Laeral e Laurece estavam ali. Murphy parecia ainda desconfiado. Não lhe agradava a idéia de estar numa torre de magos, muito embora este fosse confiável. E, francamente, a sua última experiência com arcanos tinha lhe deixado marcas profundas. Marcas na sua alma.

A jovem que lhes recebera, Idriane, era quem “cuidava” de Elminster. Era estranho para eles ouvir isto. Alguém cuidando de um arquimago do porte dele.

“Senhores”, disse Idriane. Ela aparentava ter uns 15 anos de idade. Um rosto branco delicado, belos cabelos pretos encaracolados. “Meu senhor Elminster ainda repousa. Eu acho apropriado que os senhores voltem numa outra hora.”

“Talvez pudéssemos aguardar aqui.” Disse Laeral. “É que o nosso assunto é muito urgente. Envolve a vida de um amigo nosso, e de crianças desaparecidas.”

Idriane entendeu a seriedade das palavras da paladina. Mas não gostava da idéia de receber visitantes na residência de seu mestre sem o seu consentimento. Muito menos mantê-los ali na sala, esperando ininterruptamente. Elminster dificilmente gostaria desta surpresa ao acordar.

“Eu não sei...” Ela estava pronta para sugerir que eles voltassem num outro momento, quando foi interrompida.

“Idriane!” Uma voz idosa, aparentemente cansada, a gritou. O grito pareceu revelar uma pessoa muito doente.

A porta se abriu.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Anos Perdidos: Laeral Lordaeron - 1ª Parte

Ilhas Moonshae (26 Mirtul, 1479 C.V., Ano do Sem Idade)


Estava tudo escuro. Aos poucos, o som das ondas do mar batendo na praia, naquele eterno ir e vir, foi ficando mais nítido. Laeral não conseguia abrir os olhos, entretanto. Seu corpo estava muito dolorido. Sentia a água, a areia no seu rosto. O que havia acontecido?

Claro! Ela se lembrava claramente! Utamesk e a batalha contra Rakkask... o mago Erkel havia derrotado os dragões! Eles mergulharam em direção ao vórtex, e depois disso... bem, depois não se lembra de mais nada. Era como se as suas forças tivessem sido drenadas. Ouviu quando alguém se aproximou.

Underdark - Parte III

Laeral bateu na porta pela terceira vez. Ninguém atendia.

“Vamos entrar?” Perguntou Laurece.

“Você está louca?” Respondeu Laeral. “Esta é a torre de Elminster, o Sábio! Não é qualquer mago!”


Realmente, não era. Elminster foi sinônimo de magia, de grandes feitos, e de esperança, durante muitos e muitos anos. Na verdade, todos naquele grupo de aventureiros tinham crescido ouvindo histórias sobre as proezas do velho mago do Vale das Sombras. Ele era uma lenda viva!Lutou contra os mais diversos monstros, sejam estes inteligentes ou bestiais. Enfrentou dragões antigos, de todos os tipos – e os derrotou.

Desceu ao inferno onde lutou contra castas e mais castas de demônios, e recebeu reverência do príncipe do mal. Foi escolhido da Deusa da Magia, e já lutou inclusive com Um. Elminster era o ápice – o símbolo máximo de toda uma era.

A porta se abriu.

Especial "Raças" - Gnomos

Gnomos são menores ainda do que halflings, raramente superiores a 1,20 metros de altura. Além de seu tamanho, eles se assemelham a duendes ou eladrin, com orelhas pontudas e características faciais tais como maçãs do rosto salientes e as mandíbulas afiadas. Eles têm uma aparência mais selvagem do que os eladrin, especialmente o cabelo que brota de suas cabeças em direções aleatórias. Em alguns gnomos do sexo masculino brotam tufos de cabelo de seus queixos, mas em regra não possuem muito cabelo pelo corpo.

O tom da pele dos Gnomos varia de um bronzeado avermelhado até um marromamadeirado, chegando a um cinza rochoso. Seu cabelo pode ser praticamente de qualquer cor, desde o branco total com tons loiros e vários de marrom, ao laranja outonal ou verde. Seus olhos são brilhantes orbes negros.

Gnomos vivem tanto quanto os eladrin, mais de 300 anos, mas eles mostram mais os efeitos da idade. Um gnomo com idade superior a 100 tem cabelos grisalhos ou brancos e pele que mostra as rugas e linhas de intemperismo de um século de riso. Mas mesmo o mais antigo gnomo mantém a força ea agilidade da juventude.

Nas florestas mais tranquilas da Feywild, e florestas remotas do mundo, gnomos vivem fora da vista e principalmente sob vigilantes quanto às raças maiores. Gnomos habitam em casas escavadas entre as raízes das árvores, e são facilmente esquecidos e habilmente escondidos por camuflagem e ilusão. Eles gostamdos mamíferos escavadores, e partilham seu habitat com texugos, raposas e coelhos, possuindo um sentimento de parentesco com estes pequenos que compartilham suas florestas.

Ser reservado é uma virtude dos gnomos. Eles crescem em jogos da discrição e do silêncio, no qual o vencedor é o último a ser descoberto. Um gnomo adulto que chama a atenção de uma multidão é considerado perigosamente rude. Heróis populares Gnomos não são poderosos guerreiros, mas trapaceiros que escapam do cativeiro, pregam grandes peças sem serem detectados, ou espiam segredos passando por guardiões mágicos. Eles desviam a agressão e atenção com humor, e guardam os seus pensamentos comum sorriso simpático.

Gnomos também dão valor a uma mente rápida e capaz de chegar a uma solução inteligente para qualquer problema.

Eles apreciam conversa inteligente, especialmente debates com respostas rápidas. Eles são criativos e engenhosos, embora tenham pouco interesse ou aptidão para o tipo de tecnologia encontrada em cidades humanas. Eles têm um talento inato para a magia e um amor por ilusão, música, poesia e história.

Ansiosos para ver o que o mundo tem para oferecer e dispostos a serem admirados por suas maravilhas, gnomos cumprimentam o mundo com uma curiosidade aberta. Gnomos que são atraídos para a aventura são na maioria das vezes impulsionados pela curiosidade e desejo de viajar, e isto está acima de qualquer desejo por riqueza ou glória.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Underdark - Parte II

Haerilin aguardava os outros na estrada. Ele não podia entrar em Cormyr. Em situações normais já seria bem desconfortável, mas hoje, especialmente, seria impossível. O príncipe herdeiro tinha acabado de sofrer uma tentativa de assassinato, e o seu algoz era um elfo drow. Não qualquer elfo drow, mas um com capacidades furtivas, competência para o homicídio, que vestisse uma capa preta, usasse uma besta pequena numa das mãos e uma espada na outra. Por um momento, ele se olhou. Batia perfeitamente com a descrição.

Não era ele. Evidentemente. “Além do que”, pensou Haerilin, “eu nunca cometeria um erro infantil como o deste amador.” Aos poucos ele estava aprendendo a lidar com a sua nova natureza. Mas as nuances da sua maldade fria ainda eram muito presentes. Seu instinto era de um assassino. Afinal, apesar da sua conversão, não se apaga um século de vida em tão pouco tempo. Mas ele iria ajudar Dandrier. Ele o acolheu na academia, e provavelmente foi quem mais confiou nele desde a sua chegada. O que para ele foi uma surpresa, já que seu nome não é desconhecido nas terras do Rei Foril. A lista de nobres mortos por sua Lâmina da Noite é bem extensa.

Belendithas era um nome que ele já tinha ouvido. Mas não sabia que ele era um drow. Ele costumava “roubar” alguns dos seus serviços, de vez em quando. Seu preço era estranho: cem peças de ouro, mais um bebê recém-nascido. Absolutamente bizarro, mesmo para um drow. Sabe-se lá o que ele fazia com essas crianças. Sua nova consciência achava isso horrível, mas o seu espírito negro até ria um pouco dessa estranha peculiaridade. “Eu podia ter pensado nisso na minha época!”

Laeral aproximou-se, juntamente com os demais. Depois que eles se reuniram com o Senescal do Príncipe Irvel, a paladina de Corellon ficou em Marsember juntamente com o restante do grupo, arrumando os suprimentos que levariam na viagem. Eles estavam a caminho do Vale das Sombras, onde o drow (o outro) tinha sido visto pela última vez. A idéia era levar o verdadeiro assassino drow à justiça, o que eximiria Haerilin da culpa pela emboscada fracassada. Por conseqüência, Dandrier deixaria de ser acusado como traidor, por esconder em sua academia um assassino drow. E, para Haerilin, ele deixaria de ter no seu currículo aquele ridículo serviço mal feito.

Especial "Raças" - Devas

Profundamente apegados às suas memórias, os Devas recordam-se frequentemente do que eram: imortais servos dos deuses do bem, e espíritos que escolheram vincular-se ao mundo em carne mortal. Durante milênios, suas almas foram regeneradas para travar uma guerra sem fim contra as forças das trevas. A maioria dos devas são ferozmente comprometidos à causa do bem, inclusive porque temem o que eles possam se tornar, caso se virarem para o mal: Um deva, cuja alma se torna corrompida corre o risco de renascer como um rakshasa.

Na aparência, os devas são muito semelhantes aos seres humanos, mas com uma beleza sobrenatural e uma calma estranha sobre eles. Eles são quase tão altos como os Dragonborn, mas muito mais esguios. A coloração da pele dos Devas é o que mais fortemente os distingue dos seres humanos. Todos eles tem padrões de cores claras e escuras em sua pele. As porções mais claras variam do branco ao cinza pálido, e as áreas escuras vão desde o azul ou roxo para cinza escuro ou preto. Em qualquer indivíduo deva, a porção clara ou escura pode ser dominante, com a sombra que aparece na frente simples, elegantes padrões no rosto, peito e ombros. Um cabelo deva é tipicamente a mesma cor que esses padrões de pele.

Quando sentado ou repousando em pé, os devas permanecem quase perfeitamente imóveis, exceto por um ocasional piscar de olhos. Eles não se incomodam ou se contorcem, e seus olhos se movem apenas quando estão ativamente examinando algo.

Devas não têm filhos. Quando um deva morre, seu espírito é reencarnado em um corpo novo, já adulto, que aparece em algum lugar sagrado, como o pico de uma montanha, um rio, ou um oásis no deserto. O novo deva retém bastante memória de vidas passadas para falar e compreender vários idiomas, bem como oferecem as orações adequadas e sacrifícios aos deuses do bem.

Devas são refinados e polidos. Eles seguem os mais altos padrões morais. Mas eles não têm medo da violência. Eles acreditam que a busca do bem é uma guerra eterna com as forças do mal, consubstanciada na luta contra rakshasas, demônios, diabos, e os deuses e os anjos do mal. Devas estão sempre atentos para guerra em seus corações, assim, constantemente vigilantes para que o mal não se enraize e corrompa suas almas, transformando-os em criaturas que desprezam profundamente.

Estilos de Combate

(para saber mais, consulte o Martial Power 2, pp. 111 em diante)


Não existem dois guerreiros que sejam exatamente iguais. Suas escolas de esgrima, sistemas táticos, filosofias marciais e as tradições locais, influenciam ataques básicos de um guerreiro e bloqueios. Ao longo do tempo, coleções de movimentos e ataques tornam-se reconhecidos como estilos de combate distintos. Cada estilo de combate consiste em dois tipos de talentos, talentos de estilo menor e talentos de estilo maior. Ambos os tipos de talentos de estilo oferecem benefícios quando você empunhar armas específicas.


Os talentos de estilo menor modificam poderes at-will e preveem um bônus para um teste de perícia particular.

Os talentos de estilo maior exigem que você tenha um talento de estilo menor. Eles modificam os poderes encounter e fornecem vários outros benefícios.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Underdark - Parte I

Laeral estava sentada na mesa do salão da Academia de Dandrier. Ao seu lado, Murphy e Laurece pareciam preocupados. Todos os alunos os rodeavam, esperando uma decisão.

“Não podemos fazer nada agora.” Disse Laeral. “Acho melhor dormirmos, e amanhã resolveremos.”

“Dormir?” Perguntou um dos aprendizes. “Mas senhora... mestre Dandrier acaba de ser preso!”

“E nós não podemos fazer nada por ele agora.” Completou a paladina.

No fundo da sala, já próximos da porta, um grupo de cinco jovens estudantes se aprontava para sair.

“Aonde vocês vão?” Perguntou Murphy.

“Nós vamos libertar Dandrier.” Disse o jovem guerreiro, que aparentemente tinha uma admirável presença de espírito. Ele era bem carismático, e tinha conquistado o respeito dos demais alunos. “O senhor vem conosco, mestre Murphy?”

“Não seja estúpido, garoto!” Respondeu o mestre-anão. “Tire essa espada da cintura e vá dormir!”

Todos os guerreiros da academia respeitavam Murphy. Sua habilidade com o martelo era lendária! Até hoje os jovens conversam sobre a batalha em que o anão ficou cercado por orcs. Conseguiu vencer todos eles! Era realmente admirado por isso, muito embora sua falta de carisma impedisse os estudantes de procurá-lo como mentor.



“Fiquem calmos, todos!” Laeral levantou-se. Os alunos a olhavam, prestando atenção em suas palavras. “Dandrier foi com os soldados sem resistir. Se ele quisesse comprar briga com os Dragões Púrpura, teria feito isso aqui na academia, onde temos vantagem, e não em Suzail.” A maioria concordou com ela. “Ele foi porque sabe que é inocente. Cormyr é um reino de leis. Precisamos é de alguém que conheça estas leis para ajudá-lo.” Agora todos entenderam o que Laeral pretendia. Até o grupo que já estava na porta, se aquietou.

“Amanhã bem cedo nós vamos até Marsember”. Disse Laurece. Norvel, um adolescente de 16 anos, ainda com espinha no rosto, era apaixonado por ela. Ela estava estudando para ser paladino. Servia o deus Torm, e era muito cordato e religioso. Admirava muito Dandrier e Laeral, mas o seu coração sorria quando via Laurece. Quando ela retornou da Feywild, estava um pouco diferente. Os outros alunos achavam que ela tinha ficado louca lá. Mas Norvel sabia que não era isso, que ela tinha apenas visto e sentido poderes muito além da imaginação. Ele tratou dela depois que Immeral foi embora. O mentor da Warlock chegou com ela nos braços, como se carregasse uma criança. Ficou um dia cuidando de suas feridas, e depois sumiu.

Norvel olhava Laurece com muito carinho, do alto da escada.

“Agora durmam, seu bando de moleques!” Gritou Murphy.

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terça-feira, 18 de maio de 2010

Talentos Multiclasse

Talentos multiclasse permitem que você trabalhe superficialmente as funções e os poderes de outra classe. Você pode ser um guerreiro que mergulha seu dedo do pé na magia, ou um bruxo quem quer um punhado de habilidades do ladino.
Cada classe tem um talento multiclasse específico, que lhe dá acesso às suas características de forma subsidiária. Existem duas restrições em sua escolha de um feat multiclasse específico de classe.

Primeiro, você não pode tomar uma feat multiclasse para sua própria classe. Em segundo lugar, uma vez que você tenha adquirido um talento multiclasse de uma segunda classe, você não pode ter um outro talento multiclasse para uma outra classe diferente. Você pode se interessar por uma segunda classe, mas não por uma terceira.

Um personagem que tenha tomado um talento multiclasse específico, conta como um membro dessa classe, para todos os efeitos e qualificação para os Paragon Paths.

Por exemplo, um personagem que adquire o talento “Iniciado da Fé” conta como um clérigo, para efeitos de seleção de talentos que tem “clérigo” como um pré-requisito. Num outro exemplo, um bruxo que tem “Sneak of Shadows” pode usar o “Rogue's Sneak Attack”, o que significa que ele atende aos pré-requisito para o talento Backstabber.

Tanto o sistema de personagens híbridos quanto o sistema de multiclasses permite que um personagem selecione poderes e características de outras classes. Entretanto, estes dois sistemas oferecem vantagens e desvantagens, que ajudam a tornar ambos escolhas interessantes:

- Um personagem multiclasse não desiste de qualquer das características da sua classe. Entretanto, deve gastar talentos para poder fazer uso superficial dos poderes de uma segunda classe. Já um personagem híbrido, não precisa gastar qualquer talento para fazê-lo;

- Um personagem híbrido começa o jogo com uma maior variedade de características de classes e poderes do que um multiclasse.

- Um personagem híbrido que represente duas classes de “roles” opostos, é capaz de, temporária, mas efetivamente, desempenhar ambos os papéis – entretanto, sem preencher totalmente as funções da classe não-híbrida. Um personagem multiclasse preenche inteiramente o “role” de sua classe primária, e pode ocasionalmente desempenhar algumas funções de um outro “role” – embora não tão bem quanto um personagem híbrido.

- O sistema de personagens híbridos funciona de forma mais eficiente na descrição de personagens com um background mais incomum, do que o multiclasse. Um personagem híbrido começa a sua carreira já tendo misturado as duas classes. Um personagem multiclasse inicia numa classe de forma absoluta, e com o tempo desenvolve algumas habilidades de uma segunda.

Skill Powers - outra novidade do "Player's Handbook III"

Aparentemente, a tendência da Wizard é valorizar a caracterização do personagem e a interpretação. Se esta era a única crítica que o DnD recebia, parece fadada a acabar.

Uma grande vantagem desta nova edição são as várias possibilidades de caracterização do personagem. Cada um é único. Dois magos do mesmo nível, podem ser diametralmente diferentes. Isso é muito bom para o jogo, e estimula uma interpretação não-estereotipada.

Agora, na nova edição do "PHB", eles apresentam as chamadas "Skill Powers", ou numa tradução livre, Poderes de Habilidades. E o que seriam estes? Bom, em primeiro lugar, são uma forma de valorizar algo a que nunca se deu a menor atenção, que são as habilidades do seu personagem. Em dado momento, pouco importava se o seu clérigo tinha ou não um bom nível de Religião - na verdade, às vezes era possível passar uma campanha inteira sem que se soubesse da existência desta "skill" na ficha do personagem.

A nova regra introduz poderes "utilities", que poderão ser comprados alternativamente àqueles oferecidos pelas classes. Para isso, o personagem  terá que ser treinado (óbvio) na "skill" específica. Vejam o exemplo abaixo:


Este poder, "Battle Feint" (algo como "Finta de Batalha"), é um "Utility" de nível 2, associado à skill "bluff" (blefar).

Agora notem como esta habilidade, que por diversas vezes é preterida durante a criação dos personagens, oferece ao seu possuidor uma ótima opção: o personagem faz um teste contra uma CD igual ao "passive insight" do oponente. Se for bem sucedido, um aliado adjacente à ele (personagem) ganha vantagem em combate contra o alvo no próximo ataque, até o final do seu (personagem) próximo turno.

Isto é muito interessante! Parece que enfim teremos que perder um pouco mais de tempo elaborando o background dos chars, esclarecendo o treinamento que eles tiveram nas skills que mais interessam. Até porque, vale lembrar, a regra também trouxe prestígio a este histórico do personagem no PHB II, quando concedeu diversos bônus decorrentes das origens do char exatamente nas skills!

No nosso caso, como nosso grupo está autorizado a pleitear mais do que os bônus que o livro prevê, vale a pena ser bem atencioso nesta elaboração. Agora pode ser a diferença entre ter um poder eficiente ou não.


(os Skill Powers são apresentados à partir da pág. 164 do "Player's Handbook III". O livro pode ser baixado através do link da nossa conta no 4Shared, postado no nosso grupo).

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Personagens Híbridos - uma nova regra trazida pelo Player Handbook III

O que vem a ser um personagem híbrido?

Imagine um jovem mago aprendiz, que é forçado a pegar em armas ainda nos primeiros dias de seus estudos arcanos. Ele não tem domínio algum das técnicas que está estudando. Até aquele momento, tudo para ele é teoria. O que ele pode então fazer? Ora, nesta situação, até o mais prodígio dos estudantes de magia veria que sua única saída é uma espada.

Agora, imagine que este jovem aprendiz, que vive num pequeno vilarejo, sem meios e esperança para resistir às forças de seus inimigos, se vê obrigado a liderar os habitantes em sucessivas batalhas. Sem jamais deixar sua verdadeira paixão, a magia, o jovem acaba assumindo papel de comandante daquele vilarejo. É o oficial militar encarregado.

Após os invasores serem repelidos, ele se aposenta da carreira militar, e decide virar aventureiro. Segue então uma vida como Mago/Warlord.

As regras de personagens híbridos permitem aos jogadores combinar elementos de duas classes em uma única. Na verdade, o que se está fazendo é criar uma classe totalmente nova, com retalhos de duas já prontas.Seu personagem híbrido abre mão de conhecimento profundo de determinadas habilidades, em troca de maior flexibilidade.

Especial "Raças" - 1ª Parte

Este especial traz um pequeno resumo sobre as raças disponíveis para os jogadores de "Dungeons & Dragons".

a) Dragonborn

Altura média: entre 1,8 e 2,0 metros
Peso médio: entre 100 e 150 quilos
Bônus de atributos: ganha +2 na Força e +2 na Carisma
Fluente em Comum e Dracônico
Bônus de habilidade: ganha +2 em História e +2 em Intimidação

Nascidos para lutar. Os Dragonborn constituem uma raça orgulhosa, herdeiros de um Império há muito caído, que lutam para preservar as suas culturas e identidade, num mundo que não está mais sob o seu comando. Eles acreditam ser, à exceção dos próprios dragões, a raça mais antiga a andar pelo mundo. Ser um Dragonborn é estar acima do ordinário. É ser algo mais - parentes dos majestosos e poderosos dragões, e guardiões do legado do um dia grandioso Império Arkhosia. Interpretar um aventureiro Dragonborn é abraçar esse orgulho. Os Dragonborn são guerreiros destemidos, sempre muito leais em combate. A honra está acima de tudo para um guerreiro desta raça. É preferível a morte do que a desonra. Um Dragonborn jamais jura em vão, ou dá a sua palavra levianamente. Se ele promete algo, ele cumpre.

Jogue com um Dragonborn se você quiser ser:- Fisicamente semelhante com um dragão;
- Ser um herdeiro orgulhoso de um antigo império, há muito caído;
- Possuir uma baforada de ácido, gelo, fogo, relâmpago, ou veneno;
- Ser membro de uma raça que favorece as classes Warlord, Guerreiro, e Paladino.

b) Anão

Altura média: entre 1,2 e 1,5 metros
Peso médio: entre 73 e 100 quilos
Bônus de atributos: ganha +2 na Constituição e +2 na Sabedoria
Fluente em Comum e Anão
Bônus de habilidade: ganha +2 em Dungeoneering e +2 em Endurance

Os anões resistiram a uma era de servidão aos gigantes antes de conquistarem sua liberdade. Por isto mesmo, são fortes e resistentes, e tornarem-se endurecidos no seu humor com as outras raças. Superada a desconfiança inicial, entretanto, os anões são muito leais. Eles valorizam suas tradições, e acreditam na importância dos laços de clãs, e dos ancestrais.Jogue com um anão se você quiser ser:

- Duro, áspero, e forte e resistente como um rochedo;
- Glorificar os seus antepassados, ou ser um leal servo do seu deus;
- Resistir à punição do combate tanto quanto você pode afligir aos inimigos;
- Ser parte de uma raça que favorece classes combativas, tais como Paladino, Guerreiro e Clérigo.

c) Eladrin

Altura média: entre 1,6 e 1,75 metros
Peso médio: entre 58 e 82 quilos d) Elfo
Bônus de atributos: ganha +2 na Destreza e +2 na Inteligência
Fluente em Comum e Elfo
Bônus de habilidade: ganha +2 em Arcana e +2 em História

Os Eladrin são parentes do Elfos. São naturais da Feywild, assim como seus irmãos, mas somente agora deixaram aquele reino. Esta distância que os Eladrin sempre mantiveram das outras raças os torna circunspectos em certos momentos, e até intimidadores para os demais. Isso se aguça também por conta da acentua natureza feérica que possuem.  Entretanto, os Eladrin consideram amizades e confiança de forma muito profunda, e agiriam de forma colérica caso um dos seus estivesse em perigo. Eles normalmente são chamados de Altos Elfos. Embora subdividida em diversas etnias, a grande maioria dos Eladrin são aqueles aos quais normalmente se chamam Elfos da Lua, ou Elfos Cinzentos. Muitos deles sentem a necessidade de explorar. Buscam exemplificar a graça e a habilidade, assim como o conhecimento, em todas as atividades das quais participam. Desde a dança, até suas habilidades como espadachins, e a magia.

Jogue com um Eladrin se você quiser ser:- De outro mundo e misterioso;
- Inteligente e gracioso;
- Ser capaz de teleportar pelo campo de batalha, envolvido pela magia da Feywild;
- Ser parte de uma raça que favorece as classes que exigem maior conhecimento e inteligência, como Mago, Ladino e Warlord.

d) Elfos
Altura média: entre 1, 56 e 1,70 metros
Peso médio: entre 55 e 78 quilos
Bônus de atributos: ganha +2 na Destreza e +2 na Sabedoria
Fluente em Comum e Elfo
Bônus de Habilidade: Ganha +2 em Natureza e +2 em Percepção

Os Elfos são selvagens e livres, guardando suas florestas usando sua capacidade de manter-se nas sombras, atacando com suas flechas mortais. Eles constróem os seus lares em total sintonia com a natureza, tão perfeitamente unidos que frequentemente os viajantes nem sequer notam que entraram nos seus domínios até que seja tarde demais. Os elfos são dados à intensas paixões - porém curtas. Evoluem facilmente de um encantador sorriso, até uma ira cega, chegando às lágrimas de tristeza. Eles são inclinados à um comportamento impulsivo, e membros de outras raças muitas vezes os veem como sendo impetuosos - mas os elfos jamais fogem de suas responsabilidades ou esquecem seus compromissos. Graças, em parte, a sua longa vida, os elfos às vezes tem certa dificuldade em levar certas questões a sério, como outras raças o fazem. Mas quando ameaças reais surgem, são ferozes e leais aliados. Eles reverenciam o mundo natural. Sua conexão com o meio-ambiente lhes permite perceber muito. Eles nunca cortam árvores vivas, e quando criam comunidades permanentes, fazem-no com cuidado para não ofender a natureza. Eles preferem o poder primal.

Jogue com um Elfo se quiser ser:
- Rápido, silencioso e selvagem;
- Liderar seus companheiros através das florestas profundas, e atacar seus inimigos com flechas;
- Ser membro de uma raça que favorece classes como Ranger, Ladino e Clérigo.

A Honra e os Dragonborn

[Extraído do livro "Player's Handbook Races - Dragonborn", página 15)

Para um Dragonborn, sua honra é a sua vida. Tenha sempre estes princípios em mente:

- Em batalha, trate os seus inimigos com honra e respeito;

- O medo é uma doença, e a covardice uma falha mortal;

- Cumpra as suas promessas; um juramento solene é mais importante do que a sua vida. Fale honestamente, e não jure levianamente;

- Se esforce para fazer o seu melhor, e isto não for o suficiente, melhore até que seja. Não desista até que tenha esgostado todos os esforços possíveis;

- Respeite os anciãos, os líderes, e outros que sejam merecedores. Obedeça aos comandos, e carregue consigo os deveres que eles lhe impõem. Oponha-se aqueles que abusam da autoridade que lhes foi dada.

- Lembre-se que suas ações refletem nos seus companheiros, no seu clan, e em toda a sua raça. Não faça aquilo pelo que você se sentiria envergonhado se outro do seu clã o fizesse.

- Desafie corajosamente seus inimigos, assim como você desafia a você mesmo.

sábado, 15 de maio de 2010

Entrando no clima...nossa última aventura

Underdark - Prólogo

É noite em Suzail. Não há ninguém nas ruas da cidade, exceto os Dragões Púrpura. Os soldados de Sua Majestade são diligentes em serviço. Não há um canto da capital sem vigilância, e nenhum dos distritos dorme inseguro. Dois amigos, Darvin e Morn, são soldados da guarda real. Jovens, sempre sonharam com a carreira militar. A honra de vestir o símbolo que outrora acompanhou Azoun IV era muito grande. Eles cresceram com as histórias do heroísmo de seus reis, especialmente aquela que narra a batalha do Dragão Vermelho. A fatídica batalha.

"Você ouviu alguma coisa?" Perguntou Darvin.Eles fazem a segurança de um dos mais importantes acessos ao Palácio. A responsabilidade de ambos é muito grande, mas é exatamente isto o que eles querem. Darvin, principalmente, tem o sonho de tornar-se um dos famosos Cavaleiros Dragão Púrpura. Morn é mais simples. Quer apenas servir o seu rei. Acha que cada um nasce com um papel determinado no mundo, e tentar mudar esta definição é perda de tempo.

"O que?" Respondeu Morn.

Eles faziam a patrulha nos jardins do palácio real. Na verdade, era um lugar tranquilo, porque haviam postos de vigília antes dele. Ou seja, para que alguém chegasse ali, teria que passar primeiro por um grande número de guardas. Mas também significava que, quem quer que chegasse ali, já teria passado primeiro por um grande número de guardas. Há apenas alguns metros, atrás de um grande porta de madeira de lei, ficava um dos salões do palácio. O primeiro salão da residência da família real. Entrar ali significava estar a poucos metros dos aposentos de Sua Majestade, o Rei Foril.

"Eu acho que tem alguém aqui." Darvin se moveu até o arco norte, que dava acesso ao pátio leste. Olhou para os lados, depois para cima.

"Eu não ouvi nada".

"Você não ouviria nem um dragão vermelho cuspindo fogo, Morn! Nunca vi ninguém tão desatento!" Darvin parecia mais conformado. Como não encontrou nada demais no outro pátio, achou melhor deixar pra lá.

Caminhou na direção do amigo. "O que foi?"

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Os dois meninos corriam pela floresta.

Não era uma floresta qualquer, mas sim a Floresta do Rei. Era proibido o acesso livre aquele lugar, mas Morn e Darvin adoravam visitá-lo. Eles quase sempre iam até a parte onde sabiam que os kobolds estavam. Gostavam de observar aqueles "monstros", como seus pais os chamavam. Neste dia, um dos kobolds os ouviu entre as árvores. Antes que pudessem pensar, mais três deles surgiram e avançaram em sua direção. Os garotos, aterrorizados, correram.

Darvin escorregou pelo barranco, tentando ganhar tempo. Correu por entre as árvores, o máximo que podia. Ele era muito rápido, mas sempre tentava se controlar para não deixar o seu amigo para trás.Desta vez, no entanto, ele parece ter exagerado. Seu medo era tão grande, que ele correu desesperadamente. Agora, procurou pelo som dos passos de Morn, mas não os encontrou. Estava com medo de parar ali na floresta. Também não queria olhar para trás. De repente, tomou um susto. Um kobold tinha sido mais rápido do que ele, e pulou a sua frente, emboscando-o. Ele congelou. Não sabia o que fazer. O "monstro" estava com uma adaga na mão direita.Olhava ameaçadoramente para o pequeno Darvin, que estava encostado numa árvore, tremendo de medo.

"Siat nae haos zeanet", disse o kobold. Darvin não entendia aquela língua.

"Varab mecat loex!"

Ele não sabia exatamente o que o "monstro" tinha dito, mas tinha certeza de que não estava sendo amigável. Tentou fugir, mas suas pernas não obedeciam. Estava com muito medo para fazer qualquer coisa. Foi quando uma pedra acertou em cheio o rosto do kobold. Era Morn, parado há uma certa distância, tentando chamar a atenção do algoz do seu amigo. Jogou uma outra pedra, e depois correu. Tinha dentro dele que ninguém aceitaria passivamente duas pedradas na cara. E acertou, porque no instante seguinte passou a ser perseguido.

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Morn estava caído no chão, coberto de sangue. Parecia sem vida. O virote tinha penetrado profundamente a sua armadura, num tiro que certamente não tinha sido desferido por um iniciante. Era alguém que sabia exatamente o que fazia.

"Morn!" Antes que Darvin pudesse dizer qualquer outra coisa, um vulto se moveu pelas sombras, aproximando-se. Darvin sacou a espada e ergueu o escudo, mas não adiantou muita coisa. O inimigo era muito ágil. Apontou a sua besta de uma mão para o rosto de Darvin, que se defendeu com o escudo. Neste instante, como o Dragão Púrpura não podia enxergar, saltou no ar, girando por sobre ele, acertando-o com seu florete no braço do escudo. Em seguida, um tiro de besta na perna, em cheio na parte frágil da armadura. Era um pesadelo. O inimigo conhecia todos os pontos fracos possíveis, e acertava todos os ataques. Darvin pensou em gritar. Mas era tarde demais.

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Darvin entrou correndo na caverna. Estava certo de ter visto o kobold e Morn entrando ali. Não podia deixar o seu amigo nas mãos do "monstro". Esgueirou-se lentamente pelo corredor escuro. Ouvia apenas o barulho de água pingando. Tinha que andar devagar, porque o solo era muito irregular e ele estava descalço. Algumas daquelas pedras eram bem pontiagudas. Como ele estava todo sujo de lama, a superfície ficava ainda mais escorregadia. Por um instante, Darvin moveu sua mente para fora daquela caverna. Começou a pensar no que sua mãe diria quando o visse todo sujo.
"Seu porco comedor de minhocas! Eu vou lavá-lo com bafo de dragão negro!", Diria ela, certamente.

Ele não entendia muito bem. Até onde sabia, os dragões cuspiam fogo. Não serviria para tomar banho. Mas não questionaria a sua mãe por nada no mundo! Isso só iria piorar as coisas, e a faria dar com a vassoura em sua cabeça. Ela já tinha feito isso várias vezes, e quebrou no mínimo umas quatro ou cinco vassouras. Seu pai vivia dizendo para ela parar com aquilo. Não que ele estivesse com pena dele. Apenas não queria sair para comprar uma vassoura nova todo mês.

De repente, Darvin retornou à realidade da caverna. Sentiu que havia pisado em sangue.

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Belendithas estava parado em cima da poça de sangue que cercava o corpo de Darvin. Abaixou-se, procurou alguma coisa nos bolsos do soldado falecido. Ergueu-se, e seu rosto coberto pelo manto preto apenas deixava transparecer um leve sorriso de vitória. Em suas mãos, uma chave. Aproximou-se da porta de entrada para o salão e introduziu a chave na fechadura. Alguma coisa estava errada, entretanto. A porta não abriu. As instruções que recebera eram específicas. A chave era exatamente como lhe fora descrita.

Mas Belendithas não podia ficar ali perdendo tempo. Era experiente o suficiente para saber lidar com os imprevistos. Olhou para cima. Viu várias janelas. Tentou se lembrar do mapa que lhe havia sido fornecido. Conseguiu visualizar com precisão todo o andar dos dormitórios. Ele precisava chegar na penúltima janela, mas não tinha tempo para uma escalada. Notou, porém, que havia uma passagem bem pequena no segundo andar. Se ele se lembrava bem da planta, aquilo deveria ser uma espécie de duto de ar. Belendithas deu um passo atrás. Guardou suas armas. Seu manto fechou-se, cobrindo todo o seu corpo. De repente, ele jogou a capa para trás, e rapidamente moveu-se pela parede do palácio. Saltava e escalava ao mesmo tempo, como um acrobata de circo. Como uma sombra negra, passou
rapidamente pelo buraco no segundo andar. Ele havia conseguido. Estava dentro do Palácio Real do Dragão Púrpura.

No pátio, sangue. Envolto a uma poça, o corpo sem vida de Darvin. Alguém parou ao seu lado, observando-o.

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Morn estava deitado no chão, no meio de uma poça de sangue. Darvin, parado ao lado do amigo, observava-o.

"Morn! Acorda!" Disse o pequeno. Mas seu amigo não levantava. Estava ferido de verdade. Darvin virou-o de frente, e percebeu que na sua barriga havia um corte muito grande. Ele precisava levá-lo de volta à Suzail agora. Mas não tinha forças. Seus braços eram muito fracos. Sentou-se então, e começou a chorar. Tudo aquilo era culpa dele. Era ele quem sempre insistia em entrar na Floresta do Rei. Morn sempre dizia que era perigoso, mas ele nunca o ouvia. "Você é um medroso, Morn!".

Ambos tinham a mesma idade - 9 anos. Haviam se conhecido há uns 2 anos atrás, quando o pai de Morn, um ferreiro, mudou-se para Suzail. O pai de Darvin servia o Rei Foril como soldado Dragão Púrpura. Desde então, tornaram-se amigos inseparáveis. Brincavam juntos o dia inteiro. Isso quando Morn não tinha que ir à forja ajudar o seu pai. Ele estava sendo preparado para ocupar o seu lugar, e assumir os negócios da família. Mas ele admirava mesmo o pai de Darvin. Queria ser um Dragão Púrpura, defender o rei.

Os seus prantos na caverna foram interrompidos por passos. Ele ergueu a cabeça. Viu o kobold há poucos metros de distância, com uma adaga na mão. Ela estava toda ensanguentada - provavelmente com o sangue do seu amigo. O "monstro" chegou perto de Darvin, que gritou. Mas o kobold não ligava.

"Sicat nevala andir. Nemeconi vrandat malit!"(Não adianta gritar, sua menina. Ninguém poderá te ajudar agora!)

Colocou a adaga na barriga de Darvin. Por reflexo, o menino deu um tapa na cara do kobold, que o largou. Em seguida, o pequeno, com medo, deu um encontrão contra o "monstro", que tropeçou e caiu num pequeno alçapão. Havia uma abertura na parte debaixo. O kobold passou por ela, e saiu numa espécie de salão inferior. O menino aproximou-se de uma brecha na parede, de onde conseguia ver o lugar.

O kobold avistou uma rampa. Correu na sua direção. Mas não conseguiria chegar até lá nem que voasse. Subitamente, um enorme vórtex de fogo o cobriu, carbonizando-o. Um dragão vermelho surgiu, do meio das sombras. Darvin, que observava a tudo pela fresta no andar superior, estava congelado. Ele era ainda um menino, e nunca tinha visto um dragão. Que dirá um dragão vermelho. Que dirá um daquele tamanho. Era enorme. Colossal. Pelas suas pequenas pernas, escorreu urina. Ele tinha literalmente se mijado de medo.

O cheiro da urina imediatamente atraiu o dragão. A fresta era muito pequena, mas a criatura pode ver o pequeno ali, parado. Seu enorme olho era quase do tamanho da criança! O dragão afastou-se um pouco, e urrou contra o garoto. Imediatamente ele começou a chorar copiosamente. Não conseguia se mexer, entretanto. A fera aproximou-se da fenda, e tentou quebrar a rocha. Não tinha ângulo para um golpe forte, porém. Cruel como só um dragão vermelho pode ser, postou sua boca bem na entrada daquela brecha. Iria torrá-lo.

Pouco antes do fogo começar a lamber aquela rocha, Morn empurrou o seu amigo. Estava fraco e ferido, mas conseguiu evitar que as chamas consumissem Darvin. Mas,embora tenha conseguido agir bem rápido, no instante em que ele passou na frente da fenda para defender o amigo, foi atingido de raspão pelo fogo. Metade do seu tronco agora estava em carne viva. Morn não resistiu, e desmaiou. O dragão parou bem próximo aquele pequeno buraco.

"Você é fraco, garoto. Vamos deixar assim por enquanto. Mas sua morte é inevitável. Você não é forte o bastante."

As palavras do dragão, em um tipo de chondathan bem arcaico - era como se o seu avô estivesse falando -, marcaram Darvin. Segurando Morn por sobre os ombros, ele deixou aquele lugar. Nunca mais os garotos retornaram a Floresta do Rei.

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Belendithas estava há poucos metros do aposento real. Já havia conseguido chegar ao andar da residência, depois de um pequeno imprevisto com a chave da porta principal. Faltava agora terminar o serviço. Ouviu passos. Ele mesmo não sabia quem era o mandante. Sem dúvida era muito ousado, mas ele não temia. Além do mais, o seu preço estava sendo pago integralmente, de forma adiantada. Isso mesmo depois do reajuste. Claro, porque este não era um serviço qualquer. Matar um nobre é uma coisa. Mas matar o príncipe herdeiro da maior coroa de Faerûn...era temerário! Os passos se aproximaram. Ele olhou para os lados – não viu nenhum lugar onde pudesse se esconder. Pensou em subir no lustre de velas, feito de madeira, que ficava pendurando no teto. Seria uma burrice, já que sua sombra estaria refletida no chão. Mas ele precisava tomar uma decisão. E tinha que ser naquele instante.

“Acho que você deveria investir em temperos.” Disse um dos guardas ao seu companheiro. Ele era o mais velho dos dois. Aparentava ter pouco mais de quarenta anos.

“Mas eu não tenho nem idéia de como se começa um negócio destes. Prefiro comprar um pedaço de terra e cultivar. Não tem muito segredo.” Respondeu o mais jovem dos soldados dragão púrpura. Ele era bem calvo para a idade, mas ainda assim bem afeiçoado. Ambos vestiam cotas de malha, e a túnica púrpura com a insígnia do dragão no peito. “Espere.” Disse ele. Em seguida, sussurrou para o seu colega. “Eu acho que ouvi algo vindo de dentro do duto de ar”.
Eles sacaram suas espadas longas bem devagar, evitando ao máximo o barulho da lâmina contra a bainha. Em seguida, o guarda mais velho tomou a liderança. Fez um sinal para que seu companheiro se colocasse de lado a pequena porta de madeira que fechava o duto. Os dois se entenderam imediatamente. O mais jovem abriria a porta, e o mais velho atacaria. Eles contaram. Um... dois... TRÊS!

Nada.

O mais velho olhou para o mais novo. “Tem certeza de que ouviu alguma coisa?”

“Sim.” Disse ele, com firmeza na voz.

O mais velho coçou a cabeça. “Vamos chamar os Arcanos de Guerra. Feche a porta.”

Antes que o jovem soldado pudesse cumprir a orientação do seu supervisor, Belendithas agiu. Chutou violentamente a porta de madeira que estava se fechando, atingido o rosto do dragão púrpura. O momento não era de hesitação. Ele era um assassino. Sabia que certos trabalhos tinham que estar bem próximos da perfeição. Levantou-se, decidido. O soldado mais velho pareceu surpreso com o seu ataque. Ele sabia como tirar vantagem daquela fração de segundos. Apontou a besta contra o seu rosto e atirou. Friamente. O soldado caiu morto no chão no instante seguinte. O mais jovem olhou aquilo e encheu os pulmões de ar. Ele iria chamar reforços. Sem perder tempo, Belendithas afundou o seu florete na traquéia do dragão púrpura. Morte agonizante. Ele agora tinha que seguir caminho. Não tinha tempo de esconder aqueles corpos, e em breve alguém os veria ali. Neste instante, ele sabia que teria apenas alguns segundos para deixar o palácio. Moveu-se rápido.

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Morn estava muito ferido, e continuava perdendo muito sangue. Mas não tinha tempo para tratar dos ferimentos. Procurou o sinalizador no corpo de Darvin. Seu amigo Darvin. Morto nos jardins do Palácio Real do Dragão Púrpura. “Ele morreu como um soldado.” Ele pensou. Foi tudo o que ele se permitiu pensar sobre o assunto naquele momento. “Preciso me concentrar”.

Ele não estava achando o sinalizador. Era um pequeno amuleto, imbuído de magia pelos arcanos de guerra e entregue a todos aos guardas de maior graduação nos postos de vigília. Darvin era mais graduado do que ele. Ambos eram igualmente competentes. A diferença era que o seu pai era um velho ferreiro, enquanto o de Darvin era um falecido dragão púrpura. Não. Na verdade, era mais do que isto. Era um falecido dragão púrpura, morto em campo de batalha, defendendo o nome de Sua Majestade, o Rei Foril. Morn não achou o sinalizador. “Droga!” Pensou. Ele teria que correr. Ou até o barracão, onde alertaria a guarda, ou até a torre dos arcanos de guerra. O barracão era mais perto, mas ele sabia que somente uma pessoa tinha poder suficiente para evitar aquela ameaça: “O Mago de Gelo”.

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Belendithas estava parado em frente a porta dos aposentos do príncipe herdeiro Irvel. Atrás dele, seis corpos mortos, de guardas. A manhã seguinte seria de muito lamento em Suzail. E ele queria transformar a data num dia que Cormyr jamais esqueceria. Retirou de dentro de seu manto um pergaminho. Em voz baixa, leu-o, bem lentamente. Parecia escrito em elfo.

“Ne me raia, lavaesca. No moetir siscafar. Beshaia romandor el eti lamavael.”

Lentamente, a porta começou a revelar símbolos em espruar. Eles brilhavam, como ouro reluzente. De repente, sumiram. O assassino agora postou suas mãos na porta, e empurrou-a, levemente. A porta dos aposentos do príncipe Irvel se abriu.

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Morn estava pálido. Continuava perdendo muito sangue, e o esforço físico o estava esgotando. Ele não foi a torre dos arcanos de guerra. Também não foi ao barracão dos dragões púrpura. Ao invés disso, procurou diretamente a residência do arquimago do rei. Ele conhecia uma entrada segura. Uma entrada de serviços, onde a jovem empregada do mago tinha sua residência. Ele bateu na porta, com pressa. Bateu uma segunda vez. Uma terceira. Ficar parado na frente da porta não estava lhe fazendo bem. Sua cabeça começou a girar. Imagens dele e de Darvin vieram-lhe a mente. Ele se lembrou de sua infância, da caverna do dragão, da dor da queimadura, das corridas pela floresta, das vassouradas na cabeça...

“Morn!” Gritou Caeline. Ela era a empregada do mago. Estava ali parada na porta há alguns segundos. Já estava dormindo quando ouviu alguém, apressado, batendo a sua porta. “Só podem ser Morn ou Darvin.” Pensou. “O que será que eles querem?” Quando abriu a porta e viu o seu amigo coberto de sangue, pálido, e quase perdendo a consciência, teve certeza que era algo MUITO sério.

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Belendithas não tinha tempo a perder. Aproximou-se rapidamente do leito do príncipe e atirou. Uma... duas... três vezes. Para se certificar, cortaria a garganta de Sua Alteza. Mas, quando levantou o lençol, uma surpresa. A cama estava vazia! Antes que ele pudesse reagir ao choque daquela falha colossal, um relâmpago atravessou a sala, iluminando-a, e atingiu-o em cheio. Ele foi arremessado contra a parede. Do outro lado da sala, estava aquele que tinha vindo para derrotá-lo. Com um cajado branco nas mãos, o vulto se moveu. Belendithas já tinha ouvido falar dele. O MAGO DE GELO. Arquimago de Guerra de Cormyr. O assassino teve medo. Certamente aquele era o seu fim. Mas... algo estava errado. ERA UMA MULHER! Uma jovem, de pouco mais de uns 20 anos. Ela se vestia como uma serviçal.

Belendithas entendeu. Não era o mago. Era apenas uma menina com o cajado dele. Procurou sua espada, que tinha caído quando ele fora arremessado pelo relâmpago. Com a confiança restabelecida, ergueu-se do chão. De dentro de seu manto negro, podia-se notar um discreto sorriso. Olhou a sua espada. Estava ao pé da cama do príncipe. No meio do caminho entre ele e a menina. Entre ele e o cajado, que era o que ele temia. Belendithas conhecia um pouco os poderes arcanos. Sabia que um implemento mágico podia guardar grandes poderes. Mas também sabia que isto consumia muito do item, e estes poderes não podiam ser utilizados livremente. Além disso, como assassino, ele sabia que o segredo do combate estava em conhecer a postura do seu oponente. Em ler os seus olhos. Aquela jovem não demonstrava tanta confiança. Ele então se moveu.

Caeline sorriu.

Todo homem cai no truque da garota assustada. Sempre. Ela sabia disso. Sejam magos, generais, ou assassinos experientes, todos eles subestimam o seu poder. Não importa a experiência que tenham. Belendithas moveu-se acreditando ser mais rápido do que “a menina indefesa”, e imaginando ser possível acertá-la com seu florete antes que ela pudesse reagir. Mas ela já tinha antecipado o movimento. Por isso preparou a sua magia. No instante em que ele fez a sua acrobacia para agarrar a espada e espetá-la contra ela, os olhos da menina brilharam.

“Naeman solus”. Disse ela, em elfo. As palavras saíram de seus lábios como vento glacial. Uma fumaça branca, gélida e densa escorregou de seus lábios, desceu por seu corpo numa fração de segundos e, como tentáculos, agarrou o assassino. No instante seguinte, as pernas e os braços do assassino estavam congelados. Belendithas olhou para a jovem, incrédulo. Ela se aproximou dele. Bem lentamente. Olhou dentro de seus olhos. “Agora, vamos construir um esquife de gelo para você... DROW!”

A batalha estava perdida. Belendithas havia falhado. Mas a morte já havia lhe cercado outras vezes na vida, muito embora ele não a visse tão de perto há muitos anos. E a verdade é que um assassino não vive só da acuidade da sua pontaria. Ele precisa ter a habilidade de se esquivar e se ocultar na hora certa.

“Ne mian.” Sussurrou.

“NÃO!” Gritou Caeline. Como num piscar de olhos, o assassino tinha sumido. Provavelmente utilizando-se de algum item mágico de teleportação. A jovem aprendiz olhou pela janela. Belendithas era um assassino experiente, mas não era tão poderoso assim. Dificilmente possuiria um item arcano de teleportação de grandes distâncias. Estes eram raríssimos.
“GUARDAS!” Gritou ela. Os primeiros dragões púrpura já estavam no aposento quando ela começou a procurar por sinais do assassino no pátio.
“Sim, Caeline.” Eles a conheciam como empregada do grande arquimago. Estavam impressionados em vê-la portando o cajado do Mago de Gelo. Sua figura era... imponente.
“O assassino não pode ter ido longe. Fechem os portões de Suzail e...”
Caeline percebeu que o seu tom de voz subiu demais. Estava falando como uma Arcana de Guerra, o que ela não era. Era apenas a serva do grande arquimago. “...eu sugiro... que vocês fechem os portões de Suzail e comecem a procurar no subterrâneo. Ele deve ter ido pra lá.”
“Como você tem tanta certeza?” Perguntou um soldado.
“Porque nós vamos aonde nos sentimos mais seguros quando somos atacados. E ele era um drow.”

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Da janela do quarto do príncipe, a bela Caeline, com seus olhos azuis e cabelos dourados, contemplava o pátio. Podia ver seu amigo Morn ajoelhado na poça de sangue de Darvin, chorando a sua morte. Ela também começou a chorar.
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