segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

As Crônicas de Courynn - Capítulo I - Ato I

Tudo era escuridão. Escorado naquela rocha seca e quente, Courynn não conseguia ver nada. Suas pernas, imóveis. Sua mão direita tocava sua espada, Macilenensina, e a outra sentia a poça que se formava próximo ao seu corpo. Uma poça de sangue.

Seria o fim?


Tropas alinhadas no campo de batalha, e pela primeira vez Courynn estava no meio dos soldados. Com um pouco de medo, diga-se. Os olhos do jovem ferreiro jamais tinham contemplado aqueles momentos que antecediam a luta....o sangue...a morte.


Ele se lembra de ter visto um cavalo galopando poucos metros à sua frente. Ele estava na terceira fileira, da sexta coluna. Não prestou muita atenção no que o Comandante disse. Pensava apenas na luta. Estava preocupado com a altura do seu escudo, em manter a guarda sempre erguida.

Uma gritaria o fez acordar do transe, e ele correu por impulso. Os outros urravam e avançavam, e ele os seguia. À medida em que se aproximava dos inimigos, entendia que era inevitável. Assim, jogou-se por sobre o primeiro kobold que viu em sua frente. Sem nenhuma técnica. Apenas queria destruí-lo. 

Viu amigos serem mutilados, terem olhos perfurados, e tripas arrancadas. Viu inimigos morrerem com espadas atravessando-lhes a mandíbula. Sangue jorrava pelo campo de batalha. Era uma cena de terror, mas ninguém tinha tempo para pensar nisso. A adrenalina tomava conta de todos. Courynn apenas lutava. O medo se dissipara, e tudo o que ele via pela frente era caos. Tudo era por reflexo. Os golpes, as defesas...sua respiração ofegante não o impedia de prosseguir na matança.

Ao fim, Cormyr vencera novamente. Tinha sido mais uma daquelas batalhas que os bardos não cantam, daquelas que se julgam fáceis. Ninguém se lembra dos que morrem numa luta contra kobolds. Para Courynn, fora sua primeira batalha com o exército. E ele lembraria para sempre de tudo o que sentira ali, olhando para a planície - outrora verde, agora lavada pelo vermelho escuro do sangue dos inimigos - e dos amigos.

Aquele fora o batismo de fogo do jovem ferreiro.

(continua...)

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