Forgotten Tales - "Forgotten Signs" - Marcados - Ato 26

Por mais que Bator tivesse se esforçado para evitar, no final não conseguiu impedir que Akanor e Urshi se casassem. Por mais que o líder da tribo Tor’Zuk simpatizasse com o orc dos Ak’Muur, sabia que aquela união só pioraria as coisas. Por alguma razão, sua filha e Akanor foram os únicos orcs escolhidos para carregar em suas peles a dragonmark. E ainda que não existisse qualquer outro motivo, só este fato já significava uma maior atenção das Casas Dragonmarked sobre as tribos orc.

Mas o temor de Bator, o outro motivo, se fez realidade quando o seu pequeno neto nasceu. Não havia dúvidas, ele estaria marcado pelo resto de sua vida. A mistura do sangue de Akanor e Urshi fez surgir Torkag, filho de ambos, e portador de uma aberrant dragonmark.

Para um orc, era uma honra poder ter uma cerimônia fúnebre no final de sua vida, e ser cremado garantia a perpetuação de seu espírito. A fumaça que subia aos céus serviria como uma escada ao espírito, que estava se desapegando do seu corpo. Na tradição orc, também servia como sinalização aos antepassados, para que recebessem aquele filho em sua chegada ao mundo espiritual. Torkag, no entanto, era muito jovem para aquilo, e Akanor não se conformava com a morte do seu filho.

“Morrer em batalha é uma honra...” disse o orc. “Morrer após uma vida inteira, é uma glória.” Entre as suas palavras, podia-se ouvir o estalo do fogo, que ardia naquela pira. O pequeno Torkag subia aos céus na enorme fumaça que ali era feita.

“Quem fez isto com teu filho, mestre orc?” Perguntou Damodaran. “Talvez estejamos atrás da mesma pessoa.” O sacerdote referia-se à busca que eles tinham iniciado em função do filho de Allora. O minotauro pensara que talvez o raptor e assassino do pequeno Torkag pudesse também ser o responsável pelo desaparecimento do filho da jovem camponesa de Breland.

“Talvez...não sei.” Disse Akanor. “Meu filho foi vítima da intolerância de seres ‘civilizados’.” O orc baixou os olhos, pensando na atrocidade do qual seu herdeiro tinha sido vítima. “Eu vi que você e alguns de seus amigos carregam pelo corpo dragonmarks aberrantes”, disse o Chefe Orc, dirigindo-se à Damodaran.

“Tu achas que os homens que fizeram isto com teu filho, o fizeram por causa destas dragonmarks?” Perguntou-lhe Artrong, olhando para os seus companheiros, e esperando que a semelhança entre eles neste ponto atraísse a atenção daqueles que ainda mantinham um coração endurecido.

“Há alguns dias daqui...” Disse Akanor, “existe uma ruína onde antigamente eram praticados rituais com dragonshards”. Livorn e Pyro se lembraram que esta era parte da descrição do lugar para onde o Lorde Eleal D’Orien lhes enviara em missão. O mago se aproximou um pouco mais do orc para ouvir suas palavras. Akanor continuou, então.

“Nós descobrimos que existe lá agora, a base de um culto de fanáticos intolerantes, que estão caçando todos aqueles considerados como aberrantes, e usando lugares com fontes místicas para executar rituais que supostamente seriam capazes de ‘purificar suas almas’”.

As coisas começavam a fazer sentido para o grupo. A caverna que eles encontraram há alguns dias dali havia sido uma fonte de dragonshards. O corpo infante que eles encontraram lá, também parecia ter sido vítima de rituais. Mas o garoto morto não tinha qualquer dragonmark em sua pele.

“Nós também vimos esta criança”, disse-lhes Akanor. “Vimos outras também em nossa busca, e concluímos que o sacrifício de crianças sem as marcas pode ser parte do ritual...mas não temos certeza disso.”

O Chefe Orc não conhecia exatamente o caminho para as ruínas. O grupo tinha um mapa, mas ele os aconselhou a procurar a ajuda de um patrulheiro que vivia há alguns dias dali. Mesmo com o mapa, o caminho era penoso e cheio de armadilhas. Seria melhor que eles consultassem alguém conhecedor da região. Wilder era o mais indicado para isto.

(continua...)