Quase imediatamente Artrong se arrependeu da sua decisão. Ele não tinha o excesso de confiança de Maximus, então logo percebeu que aquele duelo poderia acabar saindo das proporções que ele imaginara. Mas, dominado pela emoção, não iria recuar. Orgulhoso, Artrong queria provar o seu valor, depois de repetidos revezes em combate.
“Quem era aquele orc?” Pensou Artrong. “Seria ele honrado ao final do combate?”
Artrong não conhecera até ali, qualquer orc com táticas de combate e planejamentos além do aço dos próprios machados. “Selvagens e grosseiros”, era como o elfo os via. Muito mais Herthanael, que sempre odiou os membros desta raça, por motivos que lhe são pessoais demais para revelar a qualquer um.
Quando o combate começou, Artrong teve certeza de que teria uma luta “menos difícil” do pensava. Os dois primeiros golpes foram desviados pela sua espada, e o contra-ataque veio ágil e feroz, como é comum de sua técnica.
Mas os golpes do Chefe Orc passavam muito perto. Num deles, Artrong chegou a ver um fiapo de seu cabelo ser literalmente atingido pelo machado. Aliás, pelos machados. O Orc girava sua arma, que tinha duas extremidades igualmente letais. Qualquer delas poderia ser fatal à Artrong. As duas, poderiam causar um efeito devastador no mestre de espadas elfo – o que não demorou muito.
A diferença entre os dois guerreiros era grande. Artrong era experiente, mas o Chefe Orc já liderara exércitos na Última Guerra. Era um veterano de combate, e sabia tirar vantagem do campo de batalha. Seu primeiro golpe atingiu o abdômen de Artrong, provocando um corte profundo. Naquele ponto, Maximus já pressentira que seu amigo perderia o combate. A sua preocupação estava estampada no rosto. Herthanael, por sua vez, estava inquieto. Não agüentaria por muito tempo ver um orc machucando o seu amigo. Os dois, aliás, Herthanael e Artrong, tinham desenvolvido um laço de amizade muito forte com o passar do tempo.
Acuado, Artrong não conseguia acertar o Chefe Orc. Sua confiança fora reduzida aos cacos. A expressão do seu rosto dizia claramente: “Onde fui me meter!”
Eis que vieram os últimos golpes. Numa manobra complexa, o Chefe Orc girou seu machado do lado do corpo, e desferiu um poderoso golpe em diagonal, retornando para um segundo golpe com a base do seu machado duplo na abertura que Artrong deixara em sua defesa. O efeito foi arrasador.
Arremessado ao chão, Artrong caiu de costas. Muito ferido, estava derrotado. Ele sabia que a morte era certa. Cuspiu sangue. Herthanael se continha mais do que ele mesmo acreditava. Sua vontade era voar em cima daquele maldito orc, que se aproximava do seu amigo vencido. No rosto do vencedor, um sorriso discreto. Havia dominado o combate e fortalecido sua posição. Agora, mataria aquele elfo insolente.
Antes que o golpe de misericórdia fosse desferido, entretanto, Maximus interveio.
(continua...)
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